Tinha, se não me engano, uns 11 anos de idade. Meu pai e minha mãe insistiam que eu tinha algum talento musical e esse, potencial, naquela altura, deveria ser para os estudos de violino....
Acho que em algum momento eles devem ter perguntado: "Christian, você gosta de violino? Gostaria de fazer aula?"
Eu não me lembro dessa pergunta. Mas me recordo que tinha um amiguinho de classe, do colégio, que frequentava as aulas de violino que meus pais estavam pensando pra mim. A história que estou querendo contar não é sobre esse meu amiguinho, mas , fazendo um pouco de justiça social, esse meu amiguinho era uma 'moça' albina magrela. Olhando por aí, você pode ver como eu me posicionava socialmente naquela época no colégio. Eu era o Zero a esquerda e esse meu amiguinho o zero a direita.
Voltando pras aulas de violino.
Meu entusiasmo pelo estudo erudito e pelas lições musicais devem ter durado 2 semanas. Depois disso eu nem olhava onde apertava as notas e não estudava uma lição de casa.
A professora era severa, mas não era propriamente chata. Eu também me afeiçoo fácil pelas pessoas....tem isso.
As aulas de violino tinham se tornado quase um obrigação. De um lado meu pais me empurravam pra aula, eu dava um suspiro pensando 'que chato' e a professora me recebia também suspirando 'que aula chata'.
Difícil jogar a culpa em cima de alguém nessa situação toda, acho que em algum momento alguém tinha que ter dito: "Vamos parar que isso não vai dar certo!?"
Pior que nínguem falou. E a tragédi disso tudo foi marcada para um recital.
Ia ser minha primeira apresentação ao vivo. Todos os alunos iam se apresentar e tocar uma peça, e no final todos tocaríamos uma música que 'teoricamente' teríamos ensaiado por semanas. Digo teoricamente, pois acho que só eu não ensaiei a peça coletiva...e o mais engraçado disso é que até o último momento eu fiz de tudo para esconder isso da professora. No último ensaio, 'alguém estava tocando errado'. Como eram muitos alunos e o erro persistia, ela teve que verificar aluno por aluno, pedindo que cada um tocasse a peça inteira. Lembro que eu fiquei me escondendo, contando a hora para acabar a aula.
Fui ao banheiro, fui beber água...sumi literalmente esperando que a aula acabasse, e felizmente, para a infelicidade da professora, ela não achou quem estava 'fodendo' a interpretação do grupo.
Disso tudo, eu acho engraçado pensar "como que eu levei adiante um negócio desse, sem pensar nas consequêcias".
Lembro até hoje o momento em que estava ali no palco, comentendo os erros crasos mas escondido no anonimato de todos os violinistas mirins. Olhei para trás e vi a professora com as mãos no rosto como dizendo 'mas que coisa horrível, eu sou um fracasso'....
Acho que ela percebeu eu tinha afundado a 'principal' apresentação da escola.
No fim, acho que tudo isso aconteceu pois eu era muito tímido para assumir uma pressão, que vinha dos meus pais, da professora.... eu me escondia, foi isso que fiz durante um bom tempo para lidar com a timidez. As consequências ficaram espalhadas por aí....
sexta-feira, 19 de junho de 2009
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