quinta-feira, 9 de julho de 2009

Morreu viciado em.....

José morreu viciado em bebida.
Tudo que se poderia saber da vida dele é que ele foi um bom irmão, divertido. Um cara pra cima que adorava jogar truco e uma pelada nos fins de semana. Aposentando, mas um cara muito trabalhador, amava família e gostava de beber. Morreu. Viciado em bebida.

Manuel Ferrado morreu viciado em cocaína.
Seu nome artístico era Manuel Ferreira pois não gostava do seu nome de batismo. Era uma pessoa insegura e bem solitária. Gostava de desenhar e ganhava a vida vendendo quadros. Não fazia mal a nínguem. Mas incomodava a família por não ter seguido os rumos direitos da sociedade.
Fez belos quadros. Bem originais. Morreu. Viciado em cocaína.

Fernando Junqueira.
Milionário, tinha tanto dinheiro e tantas propriedades que não tinha em conta seu verdadeiro patrimonio. Fazia de tudo: praticava diversos esportes. Advogava em favor de colegas quando preciso. Fazia doações e tinha mais casamentos do que carros.

Morreu viciado em tudo o que se pode imaginar. Morreu. Mas foi um grande cara. Nínguem diz que morreu viciado em dinheiro ou poder....afinal, 'todo mundo se dava bem'! Quase todo mundo, vamos ser justos. Eu não me dei bem. E acabei de escrever. Morreu viciado em dinheiro. Mas pra maioria, esse cara morreu 'viciado em viver'.

Um dia vou morrer. Vou cometer essa grave pena mortal.
Mesmo que escrevam 5000 palavras sobre minha vida. Ou falem durante 10 minutos sobre minha personalidade. A afirmação 'morreu viciado' cai como uma bigorna em cima de tudo que foi dito.

Qual a razão de eu estar escrevendo sobre esse tipo de coisa?
Não sei.
Me sinto numa posição indefinida.
Não gosto da palavra 'viciado'.
Não gosto de relacionar nada a vício.
Aliás, nínguem gosta.
E por que usamos tanto essa palavra?

Porque queremos sempre censusar o prazer do outro e valorizar nossos valores.
Somos viciados em achar uma razão para a morte.
Por isso o interesse pelo mórbido supera o interesse pelo belo. Pela vida.

Se consideramos o vício uma doença não devíamos usar somente a razão para entender a morte.
Tem tanto mistério nessas linhas que me dou por satisfeito. Morro aqui.

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